segunda-feira, 21 de março de 2011

Dia da Poesia ou o Terror do Rouxinol


Parece que hoje é não só o início da Primavera, mas também o Dia Mundial da Poesia. E parece que o é desde 1999... pois, não sabia. Ignorância minha, é um facto. Diz que é para promover o gosto pela "leitura, escrita, publicação e ensino da Poesia através do mundo". Muito bonito. Acho muito bem! Acharia melhor ainda, se eu gostasse de poesia... pois. Lamento!

Adoro ler, adoro livros, gosto mesmo muito... mas poesia, quadras, estrofes, rimas, sonetos, tercetos e sei lá mais o quê... não dá. E acreditem que já me esforcei por gostar, mais não seja pela formação académica que tirei, que muitos poemasinhos tive eu que ler. E quando tinha que os apresentar oralmente e discuti-los com um professor de literatura completamente embevecido pelo poema do perfumado "Rouxinol" que cantava e encantava... aí sim, era uma tortura para mim.

Lembro-me perfeitamente que assim que me sentei na mesa do professor para falar sobre o raio do poema que eu nem tinha preparado (tinha-me esquecido completamente), ele me perguntar de imediato: "Então, gostou do Poema que lhe calhou, hãã?? Isto é que foi!!" Como não percebi se ele estava a gozar (?) ou a falar a sério, respondi qualquer coisa mais parecida com um grunhido, do género: grunf ou blégh ou bah!... algo assim, sinónimo de tanto faz. Só sei que assim que viu o meu ar desapaixonado, o homem virou um bicho! Ficou encarnado, furioso, e pior... ficou magoado, sentido mesmo. Parece que ele adorava mesmo o poema do "Rouxinol". É claro que eu apressei-me logo a dizer que sim, que era muito giro, liiiindoo! Mas creio que já foi tarde demais. Nunca mais me ligou, o professor. Olhava para mim como se eu fosse uma inculta, oca, burra e tacanha que não conseguia compreender as subtilezas e os profundos encantos da arte poética. Basicamente, naquela aula, ele desistiu de mim. E eu, desisti da Poesia. Triste. Culpa do rouxinol. Não gosto de rouxinóis por causa disto.

Sobre essas aulas magníficas de puro entretenimento, recordo ainda uma em especial, que proporcionou das melhores discussões de elevar a voz, entre professor e aluna. Desta vez não tive nada a ver e só senti falta de umas pipoquinhas na altura para acompanhar a coisa. Ora, do que me recordo, foi algo assim:

Professor: Mas porque analisou o poema desta forma? Porque acha que o poeta quis dizer isso?
Aluna: Foi assim que interpretei.
Professor: Ok, mas baseou-se em quê, objectivamente?
Aluna: Objectivamente?
Professor: Sim, pegue no poema, analise-o e diga-me, baseada no quê é que você pensa isso sobre o seu conteúdo?
Aluna: Para mim, é dessa forma. É assim que eu vejo.
Professor: Mas porquê??!
Aluna: É subjectivo!! Os poemas são subjectivos!
Professor: São subjectivos até certo ponto! Você tem que entender o que lê!
Aluna: Eu entendo o que li. E para mim, é assim. Mesmo que não faça sentido. É subjectivo.
Professor: Mas é só isso que tem a dizer? É subjectivo e mais nada, não explica, não desenvolve, não argumenta... não vale a pena, para quê?? Isto é tudo subjectivo! Nós só estamos para aqui a perder tempo, porque é tudo subjectivo! Mas valia irmos para casa. O que é que estamos aqui a fazer??!! (claro que nesta fase, já o senhor espumava de raiva, e, se fosse hoje em dia, já haveriam uns 50 telemóveis apontados a registar o momento para a posteridade.)

De modo que, até agora, a poesia não me tem ajudado muito, mas defendo o seu incentivo e tudo o mais...
E como prova disso, aqui fica uma quadrasinha catita, de uma música do grande Quim Barreiros, que apela à nossa sensibilidade e capacidade de amar o próximo. Ah, e sem rouxinóis.

Deixa botar meu amor só a cabeça
Só a cabeça meu amor deixa botar.
Deixa botar meu amor só a cabeça
No teu colo eu quero descansar.

E pronto. Já agora, gosto muito do Quim e desta música particularmente. Mesmo.

1 comentário:

Sexy na Cidade disse...

gosto da musica sem duvida.

o dia tn nao sabia..ups =)

Maria