terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A Lebre e o Chapeleiro


Eis a famosa cena da Alice no País das Maravilhas em que se celebra o Dia do Não-Aniversário... pois assim são não apenas 1, mas sim 364 dias de celebrações. Assim deviam ser todos os dias do ano, no final das contas a Lebre e o Chapeleiro tinham toda a razão. Porque é que somos obrigados a festejar dedicadamente a chegada de um novo ano, que na realidade situa-se ali no segundo entre as 23h59 de dia 31 e as 00h00 de dia 1? Não era muito mais engraçado se festejassemos os restantes dias apenas pelo facto de ainda estarmos naquele ano? Sendo que isso implica estarmos, obviamente, mais novos e tudo o mais... Assim passamos o ano aos encontrões uns aos outros, a prometer mundos e fundos que não cumprimos, a prometer tempo para os amigos, paciência para a família, vontade para o trabalho, contenção para as compras, energia para novos projectos...todo um mar de ideias e de ideais que muitas vezes acabam muito antes do seu início. Por isso, este ano, não há lista de resoluções de ano novo. Não quero perder tempo a estipular objectivos só porque sim. Não vou escrever num papel e nem no início da agenda frases que não passarão disso. Algumas coisas que prometi a mim própria no início do ano que passou, consegui de facto cumprir. Mas não por terem sido grandes decisões tomadas naquele momento. Cumpri porque ao longo do ano fui-me dedicando a isso. Porque na realidade os dias passam de fininho semelhantes à areia que passa dentro duma ampulheta e quando damos por ela, já passou um ano. Logo, mais vale fazer como a Lebresita e o Sr. do chapéu que diz que ainda por cima é louco... nada de levar os pormenores muito a sério, nada de grandes tempestades por um copo de água, nada de analisar tudo até ao mais pequenino detalhe (tipicamente feminino)...não vale a pena o desgaste. Só serve para ficarmos mais confusos, mais baralhados e para termos uma imagem mais dramática do que é a realidade. Quando nos sentirmos tentados a isso, mais vale sentar e tomar um chá como estes dois amigos. E quem diz um chá, diz um copinho de leite ou outra coisa qualquer mais ao agrado de cada um...

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